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Meio ambiente

Acre enfrenta seca extrema e altas temperaturas em meio ao fenômeno El Niño

O estado do Acre está enfrentando um desafio climático significativo neste mês de agosto, com chuvas abaixo da média e temperaturas escaldantes que podem atingir até 38 graus Celsius. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas, através do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental (Cigma), está monitorando de perto essa situação, mapeando diariamente previsões e eventos relacionados à seca extrema.

Segundo informações do Cigma, os próximos meses reservam um cenário de seca intensa para o estado, juntamente com temperaturas que ultrapassam as médias climatológicas. Essa mudança climática é atribuída ao fenômeno El Niño, que tem exercido sua influência sobre a região.

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O Dr. Luiz Alves dos Santos Neto, meteorologista e analista em Ciência e Tecnologia do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia – Centro Regional de Porto Velho (Censipam-CR/PV), destacou que este ano o mês de agosto está mais quente do que o habitual, e isso pode ser atribuído à ativação e desenvolvimento do fenômeno El Niño no Oceano Pacífico. Esse fenômeno contribui para o fortalecimento da massa de ar seco que domina o Brasil central nesse período. Além disso, as águas mais quentes nos oceanos Atlântico e Pacífico também contribuem para intensificar essa massa de ar seco, resultando em temperaturas mais elevadas na região.

O Cigma, que recolhe informações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), identificou os municípios mais propensos a altas temperaturas com base nos dados coletados. As cidades na região do Alto Acre devem ser as mais afetadas pelo fenômeno nos dias 23 e 24 de agosto, mas a expectativa é de que as temperaturas elevadas persistam durante o restante do mês.

As autoridades do estado estão adotando medidas para lidar com a seca extrema e o calor intenso. A população é incentivada a adotar precauções, como o consumo consciente de água e a proteção contra os raios solares. Agricultores e comunidades que dependem dos recursos hídricos estão sendo orientados sobre práticas de conservação e manejo sustentável.

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Em um cenário global de mudanças climáticas, eventos extremos como a seca intensa e as altas temperaturas se tornam mais frequentes e podem ter um impacto duradouro nas comunidades locais e no meio ambiente. O monitoramento contínuo e a preparação são cruciais para enfrentar esses desafios e garantir a segurança e bem-estar da população acreana.

El Niño

Segundo o Inmet e Inpe, o fenômeno climático El Niño está se desenvolvendo rapidamente no Oceano Pacífico Equatorial, evidenciado por um aquecimento anômalo da temperatura da superfície do mar. As primeiras indicações surgiram em fevereiro, com anomalias positivas próximas à costa oeste da América do Sul. Nos meses seguintes, de março a maio, o aquecimento se intensificou, expandindo-se em direção à porção central do Pacífico. Em junho, o padrão característico do El Niño se estabeleceu, com uma faixa de águas quentes desde o Pacífico Central até a costa sul-americana, acompanhada por anomalias de temperatura superiores a 0.5°C.

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Indicadores atmosféricos também sinalizam a presença do El Niño, como o Índice de Oscilação Sul que apresentou valor negativo em maio, caracterizando pressões atmosféricas típicas do fenômeno. Em junho, atividades convectivas anômalas e nuvens profundas associadas ao El Niño foram observadas na região do Pacífico Equatorial. Anomalias positivas de temperatura foram identificadas abaixo da superfície do oceano desde março, propagando-se por ondas sub-superficiais e sustentando o fenômeno.

Projeções baseadas em modelos climáticos sugerem que há mais de 90% de probabilidade de que o El Niño persista nos próximos meses, possivelmente até o final do ano. Alguns modelos apontam para um El Niño de intensidade moderada, enquanto outros indicam a possibilidade de um fenômeno mais forte. No Brasil, o El Niño influencia padrões de circulação atmosférica, causando secas no norte e leste da Amazônia e aumentando o risco de incêndios florestais, especialmente em áreas de floresta degradada.

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