Durante encontro com lideranças dos povos originários, na última Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-27), Lula reafirmou o desejo de ter indígenas ocupando cargos no governo. Segundo Lula, é importante que haja representantes dos povos originários ocupem cargos de liderança em órgãos como o da saúde indígena (hoje vinculada ao Ministério da Saúde). É neste momento que surge a baiana Luzia Pataxó, principal cotada para ocupar o cargo da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Luzia é uma liderança indígena ao estilo tradicional de construção de base; demandada por seus parentes (termo indígena utilizado para chamar outros indígenas compartilham de alguns interesses comuns, como direitos coletivos, a história de colonização e a luta pela autonomia sociocultural), pois sempre aprovam suas indicações (como a de Luzia) após debates e assembleias. Crescida e criada em sua aldeia, onde reside até hoje, seus mais de 20 anos de atuação na área da Saúde, sua área de formação, a qualificaram ao posto que atende cerca de 800 mil indígenas aldeados em todo o Brasil.
Enfermeira, Luzia foi secretária Municipal de Saúde da histórica Porto Seguro, no sul da Bahia. É da mesma etnia de Gadino Pataxó, indígena que morreu queimado vivo em Brasília, em abril de 1997. Ela é filiada ao PT e já foi duas vezes vereadora em Santa Cruz de Cabrália (BA). Crescida e criada em sua aldeia, ela também já foi Coordenadora Distrital de Saúde Indígena da Bahia, entre outras funções, sempre vinculadas a essas questões de saúde.
A Sesai foi criada em 2010 e atende a cerca de 800 mil indígenas aldeados no país. É um cargo disputado. No governo Bolsonaro, essa secretaria foi esvaziada, assim como o atendimento médico a esses povos.