Piracema do mandi movimenta pesca e economia no Rio Juruá
A piracema do mandi no Rio Juruá, em Cruzeiro do Sul, tem gerado impacto direto na economia local e mobilizado moradores da região. Com o aumento na quantidade de peixes subindo o rio para reprodução, dezenas de pescadores artesanais têm aproveitado o momento para garantir o sustento de suas famílias e abastecer o mercado regional.
A concentração de embarcações em pontos como a Boca do Môa tem sido constante nas últimas semanas, com pescadores utilizando canoas, redes e armadilhas para capturar o mandi. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram cenas intensas de pesca e também momentos inusitados, como o de um homem retirando o peixe diretamente com as mãos.
Além da atividade econômica, a piracema tem promovido encontros comunitários nas praias do rio. Famílias e grupos de amigos se reúnem durante a noite para pescar, preparar alimentos e manter viva uma tradição regional ligada à reprodução dos peixes. A cena se repete em diversas margens do Juruá, fortalecendo os laços culturais e a memória coletiva das comunidades ribeirinhas.
Em contrapartida, municípios como Sena Madureira enfrentam escassez. Sem o fenômeno da piracema em seus rios, a cidade tem importado mandi de Cruzeiro do Sul para manter o abastecimento. Somente em uma remessa recente, foram transportados 1,3 mil quilos do peixe, com preços variando entre R$ 30 e R$ 33 por quilo, dependendo do preparo.
Pescadores relataram que o volume de peixes neste ano tem superado o de temporadas anteriores, impulsionando a renda de quem vive da pesca artesanal. A piracema deve continuar nas próximas semanas, sustentando a oferta do pescado nas feiras e mercados locais.
O fenômeno da piracema no Rio Juruá demonstra sua importância tanto do ponto de vista ecológico quanto econômico. Enquanto garante alimento e renda para muitas famílias, também evidencia a desigualdade entre regiões que contam ou não com o fenômeno natural. O momento é observado com atenção por autoridades e comunidades, que veem na pesca uma atividade essencial para a segurança alimentar e manutenção das tradições.