O governo brasileiro iniciou tratativas com a Bolívia para a construção de uma nova usina hidrelétrica binacional no Rio Madeira. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (22) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante evento em Brasília em que apresentou os resultados do leilão de pequenas centrais hidrelétricas. Segundo o ministro, a iniciativa busca retomar a expansão do setor e repetir o modelo de Itaipu, que há mais de quatro décadas é referência em cooperação energética entre Brasil e Paraguai.
Silveira destacou que a proposta foi discutida com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que a intenção é avançar com estudos para viabilizar o empreendimento conjunto. “Para retomada das grandes hidrelétricas, ampliamos a cooperação técnica com a Bolívia para aproveitar o potencial do Rio Madeira. Falei com o presidente Lula sobre a importância de enfrentarmos esse debate e a ideia é garantir avanços. Quem sabe uma nova binacional está a caminho, repetindo o sucesso de Itaipu”, afirmou.
O anúncio foi feito no mesmo encontro em que o governo divulgou o resultado do leilão para contratação de energia de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), que somaram 816 megawatts de potência contratada, com deságio médio de 3,16%. Foram 65 empreendimentos vencedores, distribuídos em 13 estados, com destaque para a Região Sul, que concentrou 45 projetos. Os investimentos totais são estimados em R$ 8 bilhões, com preço médio da energia em R$ 392 por megawatt/hora.
De acordo com o ministro, o certame registrou número recorde de projetos inscritos, com 241 propostas para 3 mil megawatts de potência, dos quais a maior parte corresponde a PCHs. “Hoje celebramos a retomada da indústria hidrelétrica no Brasil. Acabamos de fazer o leilão das PCHs de até 50 megawatts, um passo fundamental em direção a uma transição energética justa e inclusiva”, disse.
A perspectiva de uma nova hidrelétrica binacional com a Bolívia soma-se à estratégia de diversificação da matriz elétrica brasileira, baseada no fortalecimento de fontes renováveis. A parceria internacional, caso confirmada, poderá ter impactos significativos na integração energética da região amazônica, ampliando a capacidade de geração e criando condições para maior estabilidade no fornecimento de energia tanto para o Brasil quanto para a Bolívia.