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Estudo indica viabilidade financeira de sistemas agroflorestais e agrossilvipastoris na Amazônia

Uma publicação técnica lançada em dezembro de 2025 apresenta resultados de análises financeiras e ambientais que apontam a viabilidade econômica de sistemas agroflorestais (SAFs) e sistemas agrossilvipastoris (SASPs) adotados na Amazônia, com foco na agricultura familiar e em povos e comunidades tradicionais. O estudo foi elaborado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), com apoio técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e integra as ações do projeto Finanças Verdes, apresentado em seminário realizado no dia 3 de dezembro, em Belém, no Pará .

O documento reúne coeficientes técnicos, custos de implantação e indicadores financeiros que atendem a uma exigência recorrente das instituições financeiras para a liberação de crédito rural. A análise financeira, segundo o estudo, é condição obrigatória para aprovação de projetos técnicos voltados à produção agrícola, especialmente quando envolvem sistemas integrados de longo prazo, como os SAFs e SASPs. A publicação também está alinhada ao Programa Nacional de Florestas Produtivas, lançado pelo Governo Federal em julho de 2024, sob coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA).

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Os dados apresentados indicam que diferentes modelos de sistemas agroflorestais analisados no estado do Pará apresentaram resultados financeiros positivos ao longo do ciclo produtivo, mesmo quando considerada a remuneração da mão de obra familiar e taxas de desconto elevadas. O estudo aponta que a viabilidade está associada à combinação de diversificação produtiva, assistência técnica continuada e acesso a linhas de crédito compatíveis com os investimentos iniciais exigidos pelos sistemas.

Segundo o pesquisador Everaldo Nascimento, da Embrapa Amazônia Oriental, a publicação contribui para reduzir a distância entre agricultores familiares e o sistema financeiro. “O investimento inicial por hectare pode chegar a 45 mil reais, especialmente quando há necessidade de irrigação e adubação. Sem crédito, a expansão dos sistemas agroflorestais se torna limitada”, afirmou durante a apresentação dos resultados.

Além da análise financeira, o material propõe a integração do crédito rural com políticas de pagamento por serviços ambientais, como forma de reconhecer benefícios ambientais gerados pelos sistemas produtivos. A publicação apresenta indicadores locais de serviços ambientais validados cientificamente, que permitem monitorar aspectos como qualidade do solo, cobertura vegetal e equilíbrio produtivo, oferecendo subsídios para a criação de mecanismos de incentivo econômico vinculados a resultados ambientais.

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O Projeto Inaugural do Programa Nacional de Florestas Produtivas, no Pará, atende atualmente 1.680 famílias distribuídas em 21 territórios rurais, incluindo projetos de assentamento da reforma agrária, reservas extrativistas marinhas e um território quilombola. As ações envolvem assistência técnica, capacitação, pesquisa aplicada, implantação de viveiros e apoio ao acesso ao crédito rural, com participação direta da Embrapa no acompanhamento técnico e na implantação de unidades de referência tecnológica.

Os autores destacam que a cartilha foi elaborada para apoiar agricultores, técnicos, gestores públicos e agentes financeiros na tomada de decisão, ao reunir informações padronizadas sobre custos, retorno econômico e impactos ambientais de sistemas produtivos sustentáveis na Amazônia. O conteúdo completo está disponível em formato digital e consolida os resultados do projeto Finanças Verdes, executado entre 2024 e 2025, com apoio do programa internacional UK PACT.

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