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Cultura

Exposição em Petrópolis reúne 250 obras de artistas indígenas de todo o Brasil

A cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, recebe até fevereiro de 2026 a exposição “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência”, que ocupa os espaços do Centro Cultural Sesc Quitandinha com 250 obras de 54 artistas de diferentes etnias. A mostra reúne pinturas, esculturas, fotografias e instalações que retratam identidades, memórias e lutas contemporâneas de povos como Tukano, Desana, Tikuna, Mbya Guarani, Xavante, Karapotó, Tupinambá e Palikur-Arukwayene.

A iniciativa é resultado da curadoria de Marcelo Campos e da antropóloga guarani Sandra Benites, que conduziram encontros preparatórios chamados Tata Ypy, “a origem do fogo” em Guarani, realizados desde maio, em rodas de conversa e partilha de saberes ancestrais. Benites explica que a mostra representa um marco de afirmação política e cultural: “Essa mostra insurgente é uma afirmação de que temos direito de existir em nossa multiplicidade. São 525 anos de luta, acredito que começamos a ocupar esse espaço em forma de diálogo e não em forma de embate”.

Campos ressalta que reunir artistas de diferentes regiões possibilita dar visibilidade à pluralidade da produção indígena e correlacionar pautas como gênero, direito à terra, memória, repatriação e tecnologias ancestrais ligadas à agricultura. Para ele, a exposição amplia a presença indígena no campo artístico nacional e evidencia que as lutas políticas também se expressam pela arte.

Entre os artistas, o guarani Xadalu Tupã Jekupé leva para a mostra o movimento de arte indígena urbana que iniciou em Porto Alegre nos anos 2000, transformando problemas das aldeias em linguagem artística. “O importante agora é ocupar esses espaços, poder colocar nossa narrativa com o nosso ponto de vista da nossa história”, afirmou. Já o amazonense Rodrigo Duarte, que também atuou como assistente de curadoria, destacou que o desafio foi traduzir as insurgências indígenas em um levante poético, artístico e político.

O impacto da exposição também foi sentido pelo público. A arquiteta Teka Mesquita, presente na abertura, relatou que a experiência permitiu compreender a cultura indígena como parte das raízes do país: “Estou profundamente feliz e impactada com as obras que vi. Entender tudo isso é viver a cultura indígena como parte da nossa história”.