Na Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, o governo do Acre se reuniu neste sábado, 30 de agosto, com a comunidade local para discutir a implantação de uma escola técnica na região, uma demanda aguardada há décadas pelos moradores.
A proposta surgiu ainda na criação da reserva, em 1990, e ganhou força com a luta de líderes seringueiros que defendem a permanência das famílias na floresta. Raimundo Mendes de Barros, conhecido como Raimundão e primo de Chico Mendes, afirmou que a iniciativa representa a realização de um sonho antigo. “Esperamos por isso por muito tempo”, disse o líder comunitário ao receber a comitiva.
A reunião contou com a presença do secretário adjunto de Ensino da Secretaria de Educação, Tião Flores, do conselheiro do Tribunal de Contas do Acre, Ronald Polanco, de técnicos do Instituto Estadual de Educação Profissional e Tecnológica (Ieptec) e de lideranças locais. O governo estadual destacou que o encontro atendeu a um pedido da própria comunidade, encaminhado por Polanco ao governador Gladson Cameli. “Estamos aqui para compreender a necessidade e o anseio da comunidade e garantir que o cuidado com as pessoas dessa região seja voltado às suas demandas”, afirmou Flores.
Atualmente, a comunidade conta com a Escola Rural União, que oferece ensino fundamental e médio. A proposta é expandir a estrutura para cursos técnicos voltados ao manejo sustentável, ao beneficiamento de produtos e à valorização da cultura local. “A gente não quer preparar nossos jovens para irem embora, e sim para ficarem e fazerem a comunidade crescer”, declarou Sueli Ferreira, representante do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Xapuri.
Durante o encontro, Polanco defendeu que a reserva está preparada para dar um novo passo ao combinar saberes tradicionais e tecnologia. Ele usou a expressão “florestindustrial” para definir a ideia de associar floresta, indústria e inovação sem comprometer o meio ambiente. Segundo ele, a futura escola deve integrar disciplinas de programação, uso de drones e inovações que dialoguem com a floresta.
O próximo passo será a elaboração conjunta da proposta pedagógica, com participação ativa da comunidade e apoio da Secretaria de Educação e do Ieptec. Para Raimundão, a escola técnica representa a possibilidade de filhos e netos permanecerem na terra onde nasceram. “Este projeto é para nossos filhos e netos ficarem aqui e melhorarem o que é nosso”, afirmou.