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Industria

Setor produtivo cobra início do corte da Selic após BC manter juros em 15% ao ano

A decisão do Banco Central de manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, anunciada em 10 de dezembro, em Brasília, provocou reação de entidades industriais, comerciais e sindicais, que passaram a cobrar o início do ciclo de redução da Selic diante do cenário de inflação em queda, desaceleração da atividade econômica e perda de fôlego do mercado de trabalho.

A Selic está no atual patamar pela quarta vez consecutiva. Embora a decisão já fosse aguardada por parte do mercado financeiro, representantes do setor produtivo avaliam que a política monetária deixou de acompanhar os sinais da economia. Em nota, a Confederação Nacional da Indústria afirmou que houve desconsideração de “evidências robustas” que indicariam espaço para o início do corte de juros. O presidente da entidade, Ricardo Alban, declarou que “a manutenção dos juros é excessiva e prejudicial”, ao afirmar que a taxa elevada intensifica a desaceleração da atividade, encarece o crédito e inibe investimentos, ao mesmo tempo em que, segundo ele, há margem para um ajuste gradual sem comprometer a convergência da inflação para a meta.

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No setor da construção, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção informou que a continuidade do crescimento em 2026 depende da queda dos juros. O presidente da entidade, Renato Correia, afirmou que a manutenção da Selic em nível elevado gera preocupação entre as empresas, em um segmento altamente dependente de financiamento de longo prazo. No comércio, o economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados, Felipe Queiroz, avaliou que a política monetária brasileira segue desconectada da conjuntura internacional, destacando que economias como a dos Estados Unidos já iniciaram o processo de redução de juros enquanto o Brasil mantém uma das maiores taxas reais do mundo. Para ele, “a postura prejudica investimentos, consumo e agrava entraves estruturais”, além de dificultar a condução da política fiscal.

Em avaliação mais cautelosa, a Associação Comercial de São Paulo considerou que a decisão já era esperada diante de um ambiente ainda marcado por incertezas. O economista da entidade, Ulisses Ruiz de Gamboa, afirmou que a inflação e as expectativas permanecem acima da meta e que fatores como a expansão fiscal, a resistência do mercado de trabalho e o cenário internacional continuam influenciando a condução da política monetária. Segundo ele, o conteúdo do comunicado do Comitê de Política Monetária será decisivo para indicar os próximos passos.

As centrais sindicais também reagiram à decisão. A Central Única dos Trabalhadores classificou a manutenção da Selic como um “descumprimento das necessidades da população e do setor produtivo”. A presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT, Juvandia Moreira, afirmou que os juros elevados desviam recursos do investimento produtivo para o setor financeiro. Economistas ligados à central avaliam que a inflação está sob controle e que o aperto monetário já provoca retração do consumo, desaceleração do Produto Interno Bruto e redução do dinamismo do mercado de trabalho.

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A Força Sindical também criticou a decisão. O presidente da entidade, Miguel Torres, afirmou que o Copom favorece o setor financeiro ao manter os juros elevados, o que, segundo ele, limita campanhas salariais, reduz o consumo e impõe obstáculos ao desenvolvimento econômico. “Estamos vivendo a era dos juros extorsivos”, declarou em comunicado.

A decisão ocorre em um contexto de desaceleração gradual da economia e de sinais de alívio em alguns indicadores de inflação, o que amplia a pressão sobre o Banco Central para o início do ciclo de redução da Selic. Para entidades empresariais e sindicais, a manutenção do atual patamar tende a prolongar os efeitos sobre investimentos, geração de empregos e ritmo de crescimento nos próximos trimestres.

Fonte e foto: Agência Brasil

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