“Sócrates, filósofo da Grécia antiga, tinha como prática, conversar com os cidadãos, discípulos ou não, na rua, na praça , nos espaços públicos, sobre os mais variados temas. ( das reflexões desses diálogos constantes nasciam as ideias e o conhecimento ).
Ao longo desses anos me dedicando a vida pública, procurei desenvolver o exercício da escuta. Não foi fácil.
Quando falo em escuta, falo do compromisso com as histórias de vida, esperanças e desafios enfrentados diariamente por pessoas que encontro nas ruas, nas praças, nos mercados, nos espaços públicos.
Confesso que o aprendizado desses diálogos tem mudado minha vida para melhor. Mais paciente, reflexivo, mais humano, compreensivo e tbm fortalecido minha indignação diante das injustiças, indiferença e preconceitos tão corriqueiros nesses tempos tão difíceis.
Em um momento tão delicado como este que vivenciamos no Brasil, a importância da escuta é ainda maior. Porque só quem escuta é capaz de admitir o sentimento de desânimo e desesperança que estávamos vivendo. E é também só escutando que podemos compreender, dialogar e, finalmente, encontrarmos juntos caminhos capazes de reverter esse cenário e reconstruirmos juntos esse País.
Penso até que além de saber ouvir, é preciso abraçar a revolta e a descrença. Abraçar no sentido mais afetivo da palavra, como quem abraça um filho que acabou de se machucar – um abraço que diz: eu compartilho de sua dor, mas acredito que você é capaz de se livrar dela.
Eu acredito que somos capazes. Não apenas de nos levantarmos. Mas principalmente de nos reinventarmos.
Um espaço livre, cheio de reflexões, análises e boas histórias.
Ex-prefeito de Rio Branco por dois mandatos, o professor, tarauacaense e flamenguista.
Raimundo Angelim, estreia sua coluna no Acre da hora.