O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que o Acre pode sofrer um prejuízo superior a R$ 25 milhões com a nova política tarifária dos Estados Unidos. A declaração foi feita após o governo norte-americano anunciar aumento de até 50% nas tarifas de importação para produtos brasileiros. Entre os itens afetados estão castanha-do-pará, madeira tropical e soja — principais produtos da pauta exportadora acreana para o mercado norte-americano.
Segundo dados da própria ApexBrasil, o Acre exportou, em 2023, cerca de US$ 87 milhões em produtos, valor recorde na série histórica do estado. Desse total, aproximadamente US$ 4,5 milhões tiveram como destino os Estados Unidos, sendo compostos majoritariamente por castanha-do-pará sem casca, madeira serrada ou compensada e pequenas quantidades de soja. A castanha, por exemplo, teve quase metade de seu volume exportado enviado aos EUA.
“Essa tarifa de cinquenta por cento tá vindo por encomenda. É uma encomenda de uma família, de um ex-deputado que tá lá trabalhando todo dia pra infernizar a vida do nosso país”, declarou Jorge Viana, em vídeo publicado nas redes sociais. Ele criticou duramente políticos locais que apoiam ou minimizam os efeitos da medida.
A nova taxação anunciada pelo presidente Donald Trump deve afetar diretamente exportações de produtos amazônicos e impactar negativamente economias regionais sustentadas por cadeias produtivas ligadas à floresta. Viana ressaltou que a ApexBrasil está atuando para estabelecer canais de negociação e evitar que as medidas avancem sem diálogo. “Estamos aqui trabalhando intensamente para que tenha negociação, para que esse comércio possa seguir — bom para os Estados Unidos, bom para o Brasil.”
Atualmente, castanha, madeira tropical e derivados respondem por grande parte das exportações do Acre. Em 2024, por exemplo, o estado enviou mais de 49% da castanha-do-pará para o mercado norte-americano. A madeira compensada tropical também teve cerca de 93% de sua produção exportada para os EUA.
A possível implementação das tarifas ameaça produtores da Amazônia que dependem do mercado internacional para escoar sua produção. O risco, segundo especialistas do setor, é de desvalorização dos produtos, redução na renda e diminuição da atividade econômica em regiões que já enfrentam dificuldades estruturais.