A segunda edição do Radar da Indústria, publicada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), destaca os impactos dos programas vinculados à Nova Indústria Brasil (NIB) no desenvolvimento produtivo do país. Entre as principais iniciativas, o Plano Mais Produção (P+P) já destinou mais de R$ 470 bilhões a 168 mil projetos em todo o território nacional, com dados detalhados sobre a aplicação regional dos recursos.
O relatório, com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apresenta a distribuição de investimentos por seis áreas temáticas, denominadas “missões”: Infraestrutura, Agroindústria, Transformação Digital, Descarbonização, Defesa e Soberania, e Saúde. A maior parte dos recursos, R$ 198,33 bilhões (cerca de 42%), foi aplicada em projetos de infraestrutura. Em seguida, a agroindústria concentrou R$ 104,87 bilhões, seguida pela transformação digital com R$ 77,38 bilhões.
O superintendente de Política Industrial da CNI, Fabrício Silveira, afirmou que o painel lançado pelo MDIC é fundamental para garantir clareza sobre a origem e a aplicação dos recursos. Segundo ele, o instrumento contribui para o controle social e permite análise técnica do avanço das políticas industriais.
A análise também evidencia a distribuição dos valores por instituição financeira. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) responde por quase metade dos aportes, com R$ 198,91 bilhões, seguido pela Caixa Econômica Federal (R$ 118,52 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 87,37 bilhões). Bancos regionais como o Banco do Nordeste (R$ 24,87 bilhões) e Banco da Amazônia (R$ 13,99 bilhões) também integram a lista de operadores.
Em termos regionais, a maior parte dos recursos do BNDES foi aprovada para empreendimentos nas regiões Sudeste (48,9%) e Sul (27,2%). Juntas, as unidades federativas de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina concentram mais de R$ 150 bilhões em financiamentos. Ainda que Norte e Nordeste apresentem menor volume, a distribuição por unidade do PIB industrial revela maior equilíbrio, com destaque para Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.
O Radar também apresenta os dados do programa de Depreciação Acelerada, que permite abatimento contábil mais rápido sobre investimentos em máquinas e equipamentos. Até junho de 2025, R$ 265,19 milhões já foram utilizados em benefícios fiscais, o que corresponde a 7,8% dos R$ 3,4 bilhões autorizados. O modelo de depreciação permite que metade do valor investido seja abatido no ano de aquisição, e o restante no ano seguinte, o que, segundo a CNI, oferece alívio tributário no período inicial de operação.
Além disso, o relatório inclui ações complementares, como o programa Brasil + Produtivo, a política de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) e as atividades do Grupo de Trabalho de Adensamento Produtivo, que integram a estratégia nacional de neoindustrialização.
A publicação consolida dados que reforçam a estruturação de uma política industrial de longo prazo, com foco em produtividade, sustentabilidade e competitividade. A sistematização dos investimentos também cria condições para o acompanhamento público das metas e o aperfeiçoamento contínuo das ações voltadas ao setor.
