Connect with us

Meio ambiente

Plano da Embrapa propõe inclusão digital de jovens para fortalecer a bioeconomia na Amazônia

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançou um plano estratégico voltado ao fortalecimento da bioeconomia na Amazônia, com foco na inclusão digital de jovens do meio rural. O plano foi construído a partir de oficinas e rodas de conversa realizadas entre 2024 e 2025, em comunidades rurais dos estados do Acre, Pará e Amapá.

As atividades foram conduzidas pelas unidades da Embrapa Meio Ambiente, Acre, Amapá e Amazônia Oriental, com apoio de parceiros locais como escolas rurais, associações de extrativistas, o ICMBio, o Rurap e o coletivo Amélias da Amazônia. O objetivo foi identificar desafios enfrentados por jovens rurais e propor soluções que integrem tecnologia, valorização cultural e geração de renda.

Durante os encontros, a falta de acesso à internet, a precariedade da infraestrutura e os conflitos entre gerações foram apontados como principais obstáculos à permanência da juventude no campo. O pesquisador Ivan Alvarez, da Embrapa Meio Ambiente, destacou que o processo de escuta ativa revelou a importância do diálogo intergeracional e da educação de qualidade com acesso à tecnologia como elementos fundamentais para transformar a realidade local.

A pesquisa identificou que 42,5% dos jovens entrevistados têm entre 15 e 18 anos e 39,6% entre 18 e 25 anos. Apesar de muitos já utilizarem ferramentas como WhatsApp, Instagram, YouTube e Google, o acesso à internet ainda é limitado e caro, chegando a R$ 200 por mês em algumas comunidades. Além disso, cerca de 22% dos jovens não sabem se o uso da internet pode impactar positivamente sua renda, o que evidencia a necessidade de formação prática sobre o uso produtivo dessas ferramentas.

Como resposta, o plano da Embrapa propõe a criação de pontos comunitários de acesso à internet, capacitações técnicas e a formação de agentes digitais locais. O WhatsApp, por sua ampla presença no cotidiano rural, será utilizado como instrumento de capacitação e articulação produtiva. A proposta integra tecnologias já familiares às comunidades com ações que estimulem a geração de renda e a valorização dos saberes locais.

A estratégia visa promover um modelo de desenvolvimento enraizado na sociobiodiversidade e na realidade da juventude amazônica, incorporando o digital à vida no campo de forma participativa. O plano aponta que a inclusão digital pode se tornar uma ferramenta concreta de transformação econômica e social, contribuindo para uma bioeconomia mais inclusiva e sustentável na região.