A poluição atmosférica no Acre alcançou níveis preocupantes, com as medições indicando que a qualidade do ar em Rio Branco está seis vezes acima do limite aceitável estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo dados da plataforma Purple Air, que monitora a qualidade do ar em tempo real, o índice de partículas finas (PM2.5) na capital acreana chegou a 99 µg/m³ na manhã desta quinta-feira, 15 de agosto, muito acima do valor recomendado pela OMS, que é de 15 µg/m³.
O aumento da poluição está diretamente relacionado ao crescimento das queimadas na região, uma prática que, embora comum, tem se intensificado e se tornado uma das principais fontes de degradação ambiental e de problemas de saúde. Os focos de calor registrados no estado em julho de 2024 foram os mais altos em oito anos, com 544 incêndios detectados, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Este número representa um aumento de 156% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A exposição prolongada a esses níveis elevados de poluição pode causar uma série de problemas de saúde, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias. Especialistas alertam que a poluição atmosférica pode agravar condições preexistentes e levar a complicações mais sérias, como infecções respiratórias, crises asmáticas e doenças cardiovasculares. O professor Willian Flores, da Universidade Federal do Acre (Ufac), destacou que o período seco e a cultura de queimadas na região contribuem significativamente para a deterioração da qualidade do ar.
A poluição não se limita a Rio Branco. Outros municípios do Acre também apresentam índices elevados, como Brasiléia, onde a concentração de partículas finas chegou a 88 µg/m³, e Porto Acre, com 56 µg/m³. Todos esses valores estão bem acima do limite aceitável pela OMS e representam um risco considerável para a saúde pública.
O Corpo de Bombeiros do Acre, que tem atuado intensamente no combate às queimadas, registrou 2.227 ocorrências relacionadas a focos de calor no último mês. Este foi o maior número de atendimentos em três anos, evidenciando a gravidade da situação.
As preocupações com a poluição no Acre ganham ainda mais relevância quando contextualizadas com as imagens de satélite divulgadas recentemente pela NASA. Essas imagens capturaram a extensão das colunas de fumaça oriundas dos incêndios na Amazônia, evidenciando a gravidade dos danos ambientais na região. As fotos mostraram densas nuvens de fumaça cobrindo áreas do Amazonas e Pará, regiões próximas ao Acre, e que também contribuem para a degradação da qualidade do ar no estado.
O efeito combinado das queimadas locais e regionais cria uma situação alarmante para a Amazônia, um ecossistema que desempenha um papel vital na regulação do clima global. A contínua destruição das florestas e a consequente liberação de grandes quantidades de poluentes atmosféricos reforçam a urgência de medidas efetivas para combater as queimadas e proteger a saúde pública.
O governo do Acre tem adotado algumas medidas para tentar mitigar os efeitos das queimadas e da poluição, como a proibição temporária do uso de fogo para fins agrícolas. No entanto, a eficácia dessas ações depende de uma fiscalização rigorosa e do engajamento da população local em práticas mais sustentáveis.
Especialistas defendem que, além das medidas emergenciais, é necessário um esforço contínuo e coordenado entre governos, organizações ambientais e a sociedade civil para enfrentar os desafios impostos pelas queimadas e pela poluição atmosférica. A preservação da Amazônia e a proteção da saúde pública são questões interligadas que exigem soluções integradas e de longo prazo.
Em conclusão, a situação da poluição no Acre é um reflexo direto da intensificação das queimadas na região, com implicações graves para a saúde da população e para o meio ambiente. As imagens de satélite da NASA reforçam a urgência de ações coordenadas para mitigar os impactos das queimadas e preservar o ecossistema amazônico, que é crucial não apenas para o Brasil, mas para o mundo.
Com informações do G1