O governo do Acre realizou, entre 14 e 18 de novembro, o Estudo de Viabilidade Turística e a Oficina de Bem-Receber na Terra Indígena Arara do Rio Amônia, território do Povo Apolima Arara, em Marechal Thaumaturgo. A ação buscou atender a uma demanda das lideranças locais para compreender o funcionamento do turismo no território e preparar as aldeias para receber visitantes. As atividades ocorreram no Kupixawa Centro Cultural da Aldeia Novo Destino e reuniram 31 participantes.
A iniciativa foi conduzida pela Secretaria de Estado de Turismo e Empreendedorismo (Sete). Segundo Adalgisa Bandeira, chefe da Divisão de Promoção, Informação e Destinos Turísticos, o trabalho responde a um pedido formalizado pelas lideranças da aldeia e se baseia na experiência acumulada pelos Ashaninka da aldeia Apiwtxa, referência na região em atividades turísticas e festivais culturais. Ela explicou que a relação entre os dois povos tem fortalecido o fluxo de visitantes entre Marechal Thaumaturgo e o Rio Amônia, criando condições para que a comunidade Apolima Arara estruture sua própria rota.
O cacique José Ângelo Macedo Avelino afirmou que a formação ampliou o entendimento da comunidade sobre a organização necessária para receber turistas e valorizar manifestações culturais. Ele relatou que a aldeia pretende utilizar o aprendizado para estruturar eventos locais, como o festival da caiçuma. “Hoje nós estamos mais informados do que é o turismo e como receber os turistas aqui na aldeia. As nossas portas estão abertas para as pessoas que quiserem participar do nosso evento cultural”, disse.
Representantes de outras aldeias também participaram das atividades. O cacique da aldeia Nova Morada, Denilson de Azevedo Barbosa, disse que levará o conteúdo para fortalecer o trabalho em sua comunidade. O jovem líder Francisco Souza Oliveira, da banda Miszri Miri, avaliou que a formação contribui para envolver a juventude na organização de atividades culturais, fortalecendo o papel dos jovens no território.
A participação das mulheres teve destaque. Amélia Alves Marques, coordenadora do grupo Mulheres Guerreiras, explicou que o turismo pode fortalecer a produção de artesanato e ampliar a transmissão de saberes. Ela atua na confecção de peças, na organização dos cânticos e na preservação ambiental da aldeia. Amélia afirmou que a formação ajudou a sistematizar conhecimentos que já vinham sendo praticados. “Aprendi muitas coisas que não sabia sobre turismo. E eu vi que isso vai ajudar muito o povo”, declarou.
A Terra Indígena Arara do Rio Amônia reúne cinco aldeias: Novo Destino, Nova Morada, Nova Esperança, Txana e Hilda Siqueira. A realização do estudo e da oficina indica um movimento interno do Povo Apolima Arara para organizar de forma coletiva o turismo, alinhando atividades econômicas, práticas culturais e preservação ambiental em seu território.