O Ministério das Mulheres divulgou que a Central de Atendimento à Mulher recebeu 86.025 denúncias de violência contra mulheres entre janeiro e 31 de julho de 2025. Ao todo, a central contabilizou 594.118 atendimentos no período, que incluem registros de violência e pedidos de informação sobre direitos e serviços.
O governo federal também apresentou, em 7 de agosto, o Painel de Dados do Ligue 180, plataforma pública que consolida informações por tipo de violência, perfil de vítimas e agressores, local dos fatos e tempo de convivência com a agressão. O lançamento integrou as ações de 19 anos da Lei Maria da Penha e da campanha Agosto Lilás.
Principais dados
- Vínculo com o agressor: em 40.933 casos (47,58%), o suspeito era parceiro ou ex-parceiro. Houve ainda 4.588 denúncias (5,3%) envolvendo vizinhos; 9.883 com outros vínculos; e 7.589 (8,8%) sem declaração de relação.
- Perfil das vítimas: 49.674 denúncias (57,7%) envolveram mulheres heterossexuais; 38.068 (44,3%) referem-se a mulheres negras.
- Perfil dos suspeitos: maioria heterossexual (42.320; 49,2%) e negra (35.586; 41,4%); 27.587 denúncias (32%) registraram suspeitos brancos.
- Tipos de violência no contexto doméstico e familiar: 35.665 físicas (41,4%), 24.021 psicológicas (27,9%) e 3.085 sexuais (3,6%). Fora da Maria da Penha, houve 9.866 casos de violência psicológica e 4.566 de outras formas.
- Local da ocorrência: 35.063 registros (40,7%) aconteceram na casa da vítima; 24.238 (28,2%) em residência compartilhada; e 4.722 (5,5%) na casa do suspeito.
- Duração da violência: 21,9% (18.871) relatam agressões iniciadas há mais de um ano; 9% (7.715) há mais de cinco anos; e 8,6% (7.442) há mais de dez anos.
Contexto institucional
Segundo o Ministério das Mulheres, o painel reúne desde o segundo semestre de 2024 dados dos diferentes canais do serviço: telefone 180, e-mail, WhatsApp e videochamada em Libras, permitindo leitura nacional e por recortes específicos para formulação e monitoramento de políticas.
A ministra Márcia Lopes defendeu o uso de estatísticas para orientar prevenção, proteção e acesso rápido à rede de apoio, com metas e estratégias desenhadas a partir das evidências. A coordenadora do Ligue 180, Ellen dos Santos Costa, afirmou que a ferramenta busca dar transparência e apoiar gestores públicos, sociedade civil e profissionais da rede no entendimento do fenômeno em todo o país.
Rede de atendimento e pactuação
O ministério disponibilizou também o Painel da Rede de Atendimento à Mulher, com mapa de serviços como delegacias especializadas, juizados, promotorias e abrigos. A pasta relata esforço para ampliar a adesão ao Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios; até o momento, 14 estados firmaram acordos de cooperação, e a orientação é que governos estaduais e prefeituras tenham estruturas dedicadas à política para mulheres.
Serviço
O Ligue 180 funciona 24 horas por dia, com atendimento gratuito e sigiloso. Para emergências, a recomendação é acionar a Polícia Militar pelo 190. No exterior, o contato pode ser feito via WhatsApp no número informado pelo ministério, com suporte em português, inglês, espanhol e Libras.