Uma pesquisa realizada em junho pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, revelou que a maior parte dos donos de pequenos negócios no Brasil já avaliava negativamente uma possível guerra tarifária entre os Estados Unidos e outros países, mesmo antes da formalização de medidas pelo governo norte-americano.
De acordo com o levantamento, mais de 60% dos empreendedores consultados tinham conhecimento prévio das tensões comerciais. Entre eles, a maioria apontou impactos negativos, sobretudo no setor do comércio, com 50,7% demonstrando preocupação. A sondagem foi motivada pelas ameaças de aumento de tarifas feitas pelo então presidente dos EUA, Donald Trump.
O presidente do Sebrae, Décio Lima, afirmou que o momento exige confiança na capacidade de resiliência e negociação do país. Para ele, os pequenos negócios têm demonstrado força mesmo diante de adversidades e desempenham papel estratégico na economia nacional.
Nos seis primeiros meses de 2025, o Brasil registrou a abertura de 2,6 milhões de pequenos empreendimentos. O número de Microempreendedores Individuais (MEI) aumentou 13,2% em relação a junho de 2024, e as micro e pequenas empresas cresceram 3,8%. Essas empresas responderam por mais de 60% dos empregos formais no país até maio.
O estudo também destacou o crescimento das exportações realizadas por pequenos negócios. Atualmente, 68% dessas exportações se concentram nas Américas, sendo 28% para a América do Sul, 24% para a América do Norte e 7% para a América Central e Caribe. Nos últimos dez anos, o número de pequenos empreendimentos exportadores aumentou 120%, enquanto o crescimento nas médias e grandes empresas foi de 29% no mesmo período.
Apesar de representarem 41% das empresas exportadoras, os pequenos negócios respondem por apenas 0,9% do volume exportado. Ainda assim, houve um aumento de 152% no valor comercializado por esse segmento entre 2013 e 2023, totalizando US$ 2,8 bilhões no ano passado — o maior resultado desde 2020, ficando atrás apenas de 2021 e 2022.
No detalhamento por setor, a indústria da transformação foi responsável por 72,4% do valor exportado, com crescimento de 128% em dez anos. As propriedades rurais contribuíram com 18,5%, um aumento de 336% no mesmo período. Já a indústria extrativa participou com 4,4%, após um avanço de 309%.
A pesquisa evidencia o papel dos pequenos negócios na economia nacional e ressalta os riscos associados a políticas comerciais protecionistas, como as tarifas adicionais. Os dados reforçam a necessidade de estratégias que garantam estabilidade e acesso a mercados internacionais para os pequenos empreendedores brasileiros.