O Acre registrou um aumento expressivo na saída de gado vivo para outros estados nos primeiros meses de 2025. Segundo dados apresentados no Fórum Empresarial, a movimentação de bovinos neste período já ultrapassou metade do total registrado ao longo de todo o ano de 2024. A situação motivou o deputado estadual Eduardo Ribeiro (MDB) a solicitar ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) informações detalhadas sobre os animais exportados, incluindo volume, faixa etária, sexo e destino final.
A preocupação do setor produtivo é com os possíveis impactos na indústria local. O temor é de que a diminuição no rebanho disponível possa afetar diretamente frigoríficos, especialmente os voltados à exportação, que movimentaram mais de US$ 25 milhões e empregam centenas de trabalhadores.
Embora o rebanho bovino do Acre tenha ultrapassado as 5,2 milhões de cabeças em 2024, segundo o próprio Idaf, o crescimento de 5% no período não tem sido suficiente para conter os efeitos da alta na saída de animais. A região do Baixo Acre concentra mais da metade desse rebanho.
Dados do IBGE apontam uma redução de 9.638 cabeças de gado no número de abates entre o terceiro e o quarto trimestre de 2024, o que representa uma queda no fornecimento de matéria-prima para a indústria local.
Segundo representantes do setor, o atual modelo da “Pauta do Boi”, que define o valor mínimo para o cálculo do ICMS nas operações com gado vivo, estaria incentivando a venda de bezerros para fora do estado. Com o imposto, o valor recebido pelo produtor local chega a cair para R$ 1.300, o que torna mais atrativo negociar com compradores de fora.
Para buscar alternativas, foi criado um grupo de trabalho com o objetivo de monitorar mensalmente os dados do setor. A expectativa é subsidiar decisões políticas que possam equilibrar a relação entre criadores, recriadores e a indústria frigorífica, além de evitar um possível colapso na cadeia produtiva nos próximos anos.
