Neste sábado, 9, durante a COP 28 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o Acre participou de um painel promovido pelo Reino Unido sobre o primeiro programa de REDD+ Jurisdicional. O evento reuniu representantes governamentais, investidores do setor privado e especialistas para discutir iniciativas como a Forest Climate Leaders Partnership, Coalizão Reduzindo Emissões pela Aceleração do Financiamento Florestal (LEAF) e perspectivas para aumentar o financiamento por meio do mercado de créditos florestais.
Os participantes dialogaram sobre os desafios da boa governança nos mercados voluntários de carbono e a necessidade de acelerar as negociações dentro dos padrões de alta integridade socioambiental.
Francisca Arara, secretária de Estado de Políticas Indígenas, destacou que o modelo jurisdicional adotado pelo Acre é fundamental devido à legislação (Sisa) que garante a participação social e protege as florestas. Ela alertou para os riscos de práticas não regulamentadas, mencionando a presença de agentes no mercado carbono em terras indígenas. “Tem muito ‘cowboy’ do carbono chegando nas terras indígenas prometendo dinheiro, falando que os índios vão ficar ricos se venderem seu carbono, isso representa um grande perigo. Esse mercado ainda não tá regulado no Brasil e aumenta o risco de violação de nossos direitos e prejuízos aos nossos territórios”, explicou Francisca.
A gestora enfatizou o papel das comunidades indígenas como guardiãs e protetoras das florestas, ressaltando o arcabouço existente no Acre para preservação florestal. Arara também solicitou urgência na destinação de recursos climáticos para apoiar ações contra as mudanças climáticas em terras indígenas.
“Os impactos das mudanças climáticas estão aí e não podemos mais esperar. Elaboramos um plano para enfrentamento às mudanças climáticas porque precisamos dar resposta para quem está na floresta. Precisamos de recursos para garantir os serviços hídricos, a segurança alimentar, investir em turismo, energia limpa, tecnologia, internet, formação e educação”, afirmou Francisca.
O debate contou com a participação de representantes do Reino Unido, Gana e do setor privado, discutindo temas como financiamento florestal, governança nos mercados de carbono voluntários e a importância de recursos para enfrentar as mudanças climáticas em terras indígenas no Acre.