Estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da Universidade de São Paulo (USP) aponta que a conversão de florestas em monoculturas leva à maior perda de carbono do solo do que queimadas recorrentes. A pesquisa foi publicada na revista científica Catena e teve como base dados coletados na Estação de Pesquisa Tanguro, no Arco do Desmatamento Amazônico.
Segundo o levantamento, áreas convertidas para monocultura há mais de dez anos perderam 38% do carbono do solo. Em comparação, florestas queimadas anualmente tiveram uma perda de 16%, enquanto aquelas queimadas a cada três anos apresentaram perda de 19%. Quando comparadas a florestas conservadas, as áreas agrícolas possuem três vezes menos carbono no solo.
O estudo também observou que práticas agrícolas distintas influenciam na retenção de carbono. Agroflorestas, por exemplo, tendem a manter ou aumentar os estoques devido à presença de árvores, enquanto monoculturas, mesmo sem queimadas, perdem carbono por fatores como erosão e uso intensivo de maquinário.
A pesquisa destaca ainda que práticas de agricultura regenerativa, como cobertura vegetal, restauração florestal em áreas próximas e plantio direto, contribuem para reduzir perdas de carbono e emissões de gases do efeito estufa.
Além do carbono, os pesquisadores avaliaram outros indicadores da saúde do solo, como nitrogênio, matéria orgânica e compactação. Os dados revelam que solos de monoculturas apresentaram menor fertilidade, menor teor de matéria orgânica e maior compactação, o que afeta o crescimento das plantas e aumenta a dependência de fertilizantes.
Para a análise, foram coletadas amostras em quatro tipos de áreas: floresta intacta, floresta queimada anualmente, floresta queimada a cada três anos e monocultura com práticas de plantio direto desde 2008. A medição do carbono foi feita em diferentes profundidades, de 5 a 30 centímetros.
A pesquisa busca contribuir para o debate sobre o uso do solo e alternativas sustentáveis de produção agrícola na região amazônica.